sábado, 12 de dezembro de 2009

Experimentos espaciais (oscilantes) de Herê Fonseca: o vazio pleno de ar, linhas e movimento.


Ludmila Brandão

Oscilações de Herê Fonseca é um experimento que esculpe o ar, no ar, dando visibilidade a alguns movimentos e deixando invisíveis outros, dos quais captamos apenas o vento deslocado pelo corpo que passa. Ainda que na trilha daquilo que é chamado de arte cinética, de artistas como Jean Tinguely e Alexander Calder, as oscilações apontam para outro fenômeno. Funcionam como uma espécie de negativo do vazio, para dizer que a obra, mais do que aquilo que é mostrado, é o que sobrou entre essas peças, é o espaço praticado por esses objetos que oscilam ao menor movimento, que denunciam o intruso, que deduram, numa micro-oscilação, que algo se passou por ali, que seja uma molécula de ar deslocando-se de um ponto para outro da sala porque, talvez, alguém respirou, tão somente. A obra maior, se ainda faz sentido a expressão, é o que acontece entre os corpos dos objetos e dos seres; é o espaço flagrado em seu nascimento, o espaço no sentido que nos traz a palavra doce e potente da língua francesa: l’évènement; o acontecimento único, irrepetível, irreproduzível, que garante e assina a imanência do mundo.

Ludmila Brandão - crítica de arte - Cuiabá MT


link para o Jornal da Associação Brasileira dos Críticos de Arte ABCA com matéria da crítica de arte Ludmila Brandão sobre o trabalho de Herê Fonseca. PAGINA 8

Esculturas para pensar a arte:
o corpo, os objetos-sujeitos e, de sobra, a crítica.

Ludmila Brandão-ABCA

Herê Fonseca é artista plástico e professor.
herefonseca@gmail.com